Plantações de cannabis medicinal em Évora

Sob pressão norte-americana, Portugal tornou o cultivo de cannabis ilegal na década de 1960. No entanto, novos regulamentos europeus tornaram legal o cultivo de cannabis sativa novamente na década de 1990, mas de forma limitada. O cultivo só é possível com a autorização expressa do Infarmed, o organismo regulador dos medicamentos em Portugal.

O processo de autorização é tão complicado que hoje pouco mais de uma dezena de pequenos produtores cultivam cânhamo para fins industriais. Eles reclamam que a Polícia não tem conhecimento da lei e muitas vezes procede com a apreensão e destruição de plantas que são legais.

Enquanto as autoridades bloqueiam a passagem de produtores legais, a administração portuguesa aprovou recentemente iniciativas estrangeiras, e desde 2014 a empresa Terra Verde – da qual participa a farmacêutica britânica GW Pharmaceuticals – tem autorização governamental para explorar uma plantação de cannabis sativa a poucos quilómetros da cidade alentejana de Évora.

100% da cannabis produzida nas suas instalações é transformada em pó que depois é exportada para as instalações da farmácia no Reino Unido, onde é utilizada em medicamentos destinados ao tratamento de doenças oncológicas, esclerose múltipla e epilepsia. Entre outras drogas, a GW Pharmaceuticals produz o Sativex, uma solução oral destinada na Espanha a pacientes com esclerose múltipla para reduzir a rigidez muscular.

O sucesso da operação da Terra Verde no Alentejo tem atraído outras empresas estrangeiras. O Infarmed, entidade reguladora de medicamentos portuguesa que também é responsável por autorizar a actividade relacionada com o cultivo de cannabis sativa, indica ao EL ESPAÑOL que estão a avaliar dois projectos apresentados por uma empresa israelita e outra canadiana para unidades de cultivo, produção e planta purificação. As operações das três empresas representam um investimento total de 107 milhões de euros em Portugal.

Para além das empresas farmacêuticas, grandes grupos de capitais de investimento, como o American Privateer Holdings – o maior grupo privado do mundo dedicado ao desenvolvimento do mercado legal de cannabis – manifestaram o seu interesse em lançar operações em Portugal. No passado mês de Outubro o CEO da empresa, Brendan Kennedy, anunciou que estava a negociar com o Governo português o investimento na jovem indústria do país com fábricas de tratamento de cannabis cultivada por terceiros.

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